quarta-feira, 10 de março de 2010

Push

Faz tempo que não vinha aqui...

Muitas coisa extremamente significativas aconteceram. Queria escrever sobre todas pois tudo o que acontece comigo é importante, é relevante... mas sou apenas uma pra essas 24 horas do dia...
Hoje me aconteceu de conversar rápido com uma aluna ( ex-aluna na verdade) super querida, que no meio desse mundo de relações internacionais, medicina e engenharia está pensando em fazer letras...

AMO minha profissão. Todas são importantes, tá, algumas não me convencem, mas acho a minha profissão o máximo. recomendo?! Hummm...
Ela me disse também que os pais desejam outra coisa para ela.

Pai e mãe sempre querem o melhor, sempre.

Quem sou eu pra ir contra isso...

Mas quem sou eu pra deixar de enxergar o brilhinho do olhar dela quando ela diz amar inglês... Quando eu lembro dela chegando na sala de aula com uma disposição invejável e travando diálogos incasáveis comigo, não me trazendo a sensação de reverberar no além uma vez que o perfil da turma dela era de suuuuuuuuuuuuuper, ultra calado.

Falei rapidinho prometendo outra conversa. Dei mais uma aula e fui pro delicioso break. Horário em que a gente troca ideias, ri e curte e num #oscarfeelings tremendo começamos a falar de filmes que nos fizeram chorar.

Vinícius falou de Precious. Ele narrou um breve diálogo onde a professora de Precious dizia ser aquele seu primeiro dia, seu primeiro contato com sala de aula...

"How do you feel?"
"Here!"

Tá, essas duas linhas não dizem muito pra vc agora, mas pra quem viu o filme e estava nessa mesa comigo sabe do que eu estou falando... nao preciso dizer que a mesa inteira estava de olhinho vermelho e fungando.

A grande remuneração do professor, nosso combustível é a conquista, a paixao, o desafio. A capacidade de receber um individuo em determinado ponto de sua vida e leva-lo a outro. O sabor de ver pessoas crescendo, amadurecendo e renovando em suas vidas e beber dessa juventude, se reinventar, se alimentar de sonho e nunca envelhecer...

Como tudo na vida e como "Maneco" diria Dissabores existem... Na era do twitter tem momentos em que temos mais que nunca que acreditar que determinados comentários não tem cunho pessoal, mas sao manifestos breves de um cansaço adolescente, são uma forma rebelde de transgredir e parecer cool, falar sem medir consequências, coisas que com o tempo a vida mostra que não é bem assim.

Mas aí chega a noite, depois da filha dormir, a gente chega nesse mesmo twitter e se depara com essa doçura...



"@DeboraPrado_
ainda to indecisa.. conversar c/ a @RenataSabino me faz pensar: CARA, quero ser igual a ela! Mas eu tenho medo de ser uma merda como prof... "

Ai ai... a gente é o que é...

Queria eu ser como a Débora...

Genial, alegre, amiga, inteligênte, querida, madura, espontânea, preocupada...

Tenho medo de ser uma merda como professora também. De um dia cansar de lutar, de me fazer ser compreendida, de mostrar que eu sou mais um ser-humano cumprindo minha função no ciclo da vida. Mais uma pessoa tentando educar pessoas basicamente porque acredito que esse é a maneira que encontrei de fazer o mundo um lugar melhor pra se viver.

Medo de ser uma merda quando a gente é professor acontece muito: num momento de pouco caso, numa conversa que te faz sentir ser a mulher invisível, numa revirada de olhos que a genet acaba captando, numa risada maldosa... Mas tem, sempre as Julianas , as Denises, os Brunos, os Felipes, as Helenas e é claro, as Déboras que fazem a gente achar que ser professor e a melhor coisa do mundo e que ensinar vale 100% a pena.

Débora brilhara na profissão que quiser e seus pais se orgulharão tremendamente dela, mas se ela decidir engrossar nosso time, muita, muita gente certamente vai lucrar com isso.

A vida é redonda. Acredito piamente nisso.

Débora me deu um livro de presente no ano passado. AMEI.

Sexta tinah uma consulta com o endócrino, sabia que ia mofar e comprei um livro pra me acompanhar na sala de espera. "Preciosa". Um Past Simple praticamente porque, I started and finished the action in the past, there at the waiting room.

Fiquei pensando no que fazer com o livro. Hoje tive minha resposta. Vai pra Débora.

Precious é uma historia sobre a vida, sobre abuso, sobre o qão bizarro pode ser um ser humano, mas é muito, demais um livro que fala do quanto um educador tem peso na vida de uma pessoa...
Debora, preciosa é a vida, preciosa é vc. Muito obrigada.







P.s. Revendo meu texto comecei a chorar pois escolhi nomes de alunos de fases importantes e distintas de minha vida com medo de ser injusta pois deixei tantos, tantos de lado... relendo Julianas e Denises, lembrei que a Juliana e a Denise em questão hoje em dia são adultas ( tá, falo isso da boca pra fora, pra mim sempre serão meus little monsters com 14, 16 anos...) e também trabalham na área de educação!

Ai coração...

2 comentários:

  1. Hi Renata!
    Quando eu entrei na sala eu bem reparei que você estava escrevendo no blog, por isso te achei aqui. Sou espertinha vai falar que não?
    Hey, e se aquele "Helenas" escrito ali se refere a mim, será sempre um orgulho te fazer perceber que ser professora vale à pena. Porque você faz as nossas aulas valerem à pena também.

    Beijos,
    Helena.

    PS: Dá uma olhada no meu blog Pipoca Americana. Tem post lá pra você.

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  2. Eu queria ser sua aluna ... mas me contento com os 'ois' que às vezes você me envia via twitter !
    Um beijo da sua admiradora que ta com saudade. De verdade. =/

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