quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Supernatural...


"- O ser humano consegue escutar determinado número de decibéis. Já outros níveis de decibéis só são escutados por animais. Se esses decibéis estivessem em determinada faixa nós estaríamos tranquilos e os gatos estariam correndo desesperados..."

E com essa metáfora clara meu marido explicava para minha super-gente-boa-e-simples-pra- caramba faxineira sobre a mediunidade e seus diferentes graus...

Achei melhor ficar de fora e cuidar da minha vidinha de pessoa de férias fazendo as vezes de dona de casa, não poderia deixar aquilo ainda pior... Arrumei umas roupas, coloquei uma louça pra lavar e pedi que a faxineira voltasse pra casa pois estava super resfriada. Seria desumano ter ela pingando por todos os poros e pelo nariz também nesse calor aqui em casa.

Liguei o computador e parti para minha vidinha online: twitter, yahoo, myspace, gongar um pouco o orkut...

Laura acora feliz e como sempre vem me pegar pela mão e me conduzir para onde ela quer que a gente esteja junta, minha cama, a sala, o quarto dela. Vamos pra meu quarto. A cama ainda desfeita nos convida a ficar de preguicinha. Laura me abraça, depois senta, olha pra mim e começa...

- Mamãe, pega aquela menininha!
- Qual boneca meu amor?
- Boneca não, aquela garotinha. De cabelinho assim...
- A garotinha da festa de ontem, do seu aniversário?
- Não mamãe, aquela garotinha que tá ali!

Estávamos eu e ela no quarto.

Respirei fundo e procurei agir de forma adulta, madura e ecumênica.

- Filha, a mamãe não consegue ver a menininha. Você sonhou com ela?
( Saberia Laura o significado da palavra sonho?! )
- Pega a menininha! Ela tá láá.
- Você dormiu e viu a meninha na sua cabeça? Agora acordou e não tá achando?
- Eu não quero dormir. Pega a meninha de cabelinho assim ( explicando o cabelinho!!!). Ela tá aqui!!!
- Onde meu amor?
_ Aqui, ali...

Laura agitava os braços, movimentava em várias direções.
Verifiquei se ela olhava para o vidro no armário. Ela poderia estar se vendo e achar que era outra criança. Não...

-Pega ela mãe, pega a garotinha pra mim!

Olhei pra onde ela apontava, respirei fundo. Dizem que as crianças tem um sensibilidade enorme. Estaria eu preparada pra qualquer coisa?! Independente dessa qualquer coisa eu precisava estar do lado da minha filha.
Olhei para a Laura, abri o coração.

-Laura, mamãe não consegue ver a menininha como você. Mamãe vai dar a mão pra você e você coloca a mão da mamãe na menininha.

Meu semblante era tranquilo e o batimento cardíaco estava inalterado. Eu era puro orgulho!

-Mamãe, a garotinha de pa-pel-el com roupa de super herói. Pega ela! Ali!

E finalmente consegui ver a "garotinha"... Estava em cima do dvd, com a sua roupinha de super herói de papel quase voando...


Garotinha danadinha...



NOTA DO AUTOR:
Abracei Laura e ri muito! Me senti uma idiota, mas também achei que conduzi bem a experiência toda. Não recriminei, não disse que era coisa da cabeça dela, não tirei ela do quarto correndo e fui chamar o porteiro, um pai de santo e um padre. Só pedi que ela me desse a mão e levasse até onde eu pudesse ajudá-la.

Tenho poucas teorias sobre a vida. Acho que a gente nunca sai da escola. As meninas chatinhas e babacas vão andar sempre juntas, os que não se encaixam em padrões pré estabelecidos são deixados de lado mas sempre acabam se agrupando e sendo felizes, as tarefas são intermináveis e por vezes árduas, sempre existirão provas com seus mais variados níveis de dificuldades e resultados poderão ser inesperados. Uns serão professores, mas todos indistintamente seremos sempre aprendizes.

Não sou a única que acredita nisso... Realmente acho que tudo que a gente realmente precisa saber aprendemos no jardim de infancia... E naquela momento no querto e em tantos outros na vida , o melhor é e sempre será darmos as mãos e ficarmos juntos!

Texto original de Robert Fulhum aqui.


Um Feliz 2010 pra todos nós!

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